quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Desejo de final de ano

Retirei o texto abaixo do CCSP.
Desejo a todos um belo final de ano e que no próximo as "Associações dos Fuinhas de Dentro" parem de estragar nossa propaganda. AHHHHH e sem deixar de lembrar claro dos nossos queridos atendimento e clientes.

Vou oficializar então meu pedido de final de ano: depois que o D.A. der a cara, o Redator fazer aquele título bacana e o Diretor de Criação aprovar. O cliente e atendimento vão entender que o D.A. estudou para isso, assim como o Redator. As coisas não são postas aleatoriamente e por isso, vamos dar um voto de confiança nesses dois profissionais bacanas, CERTO?

"Futebol, sutiã e palha de aço

É lugar comum falar que o Brasil tem cento e noventa milhões de técnicos de futebol. Isso ninguém discute. Quer dizer, eu discuto.

Desses cento e noventa milhões, pelo menos uns noventa milhões são mulheres - que por limitações em relação à regra de impedimento ou por implicações legais focadas em fazê-las parar de falar durante o jogo - não gostam nem discutem futebol.

Logo, nos restam uns cem milhões de técnicos. Aí temos também as crianças com menos de dez anos e as pessoas com mais de oitenta, que só discutem futebol pra falar que o futebol não é mais o mesmo. Esses devem ser uns vinte milhões.

E por último temos as classes intelectualmente superiores, que não ligam pra essas coisas baixas, mundanas e sem sentido como o futebol: são os atores de teatro infantil, os poetas, os professores de literatura, os bailarinos etc. Temos aí mais uns dez milhões.

Então, se eu não errei a conta, só nos resta algo perto de setenta milhões de técnicos. Ainda é muito, mas quase nada se comparado ao que vou falar agora. Apesar desses exemplos claros aí de cima, de gente que não liga ou não discute futebol, há um campo onde não há um ser humano sequer que não se ache o próprio Rubens Ewald Filho comentando o Oscar: a propaganda.

Quem trabalha com propaganda sabe disso. Todo mundo, das mulheres aos velhinhos, passando pelos bailarinos e pelos atores de teatro infantil, se acha especialista. E não só se acha especialista como também acha tudo uma m..rda e tem certeza que faria melhor. Há casos onde é evidente que poderíamos fazer melhor: eu como marido da Carla Bruni, por exemplo, faria beeeem melhor do que o manda-chuva 'français'. Mas não é o caso.

- Amor, que que você acha desse roteiro praquele comercial que eu te falei?

- Ah, sei lá, mô. A menina é meio sem jeito, meio macarrão sem molho.

- Mas amor, ela é uma adolescente tímida, e…

- Não tem essa. Podia ser uma adolescente mais Beyoncé, mais Mulher Melancia. E nenhuma adolescente fica se olhando no espelho com essa cara de boba. Tem que fazer umas caras sensuais, apertar os peitos.

- Mas ela quase não tem peitos! Por isso o comercial!

- Ainda tem essa: um comercial de sutiã e você bota uma menininha rodízio de chuchu com menos peito que o Rodrigo Santoro!

- Mas amor, ela tá se descobrindo, é o primeiro sutiã.

- Pior ainda! Pra que ela vai precisar de um sutiã com essas mordidinhas de mosquito aí? E, hoje em dia, menina não liga mais pra isso não. Tem que ser uma coisa mais ousada, mais quente. Esse climinha de menininha do interior que descobre que tem peitinhos não cola. E esse sujeito com cara de bobo olhando pra ela? O cara quer traçar ela e ela acha o máximo? Quero ver depois que ele sumir e não ligar no dia seguinte se ela vai ficar feliz.

- Mas amor…

- Olha, Bem, é minha opinião. Você sabe que eu entendo de propaganda, eu sou seu público-alvo, sou mulher… Entendeu?

- Entendi sim… (cabisbaixo)

- Olha, Washington, se você continuar tendo essas ideiazinhas meia boca não sei não. Ainda dá tempo de se formar em engenharia. Depois a gente vai conversar sobre aquele comercial da palha de aço. Você não vai botar aquele magricela pra anunciar aquilo, né!? Tem que ser o Cuoco ou o Leão, sabe, aquele goleiro do Santos!? Aquilo ia fazer sucesso com a mulherada e ia vender que é uma maravilha. Com esse magrinho meio careca sei não, se eu fosse o cliente não deixava você fazer isso não. Pensa bem, amor, ainda dá pra ser engenheiro. Esse negócio de propaganda, Washington, acho que não é pra você.

Só que a mãe natureza, em sua infinita sabedoria, depois de pensar em uma maneira pros porcos-espinhos se procriarem, nos muniu de algo que é vital pra nossa sobrevivência: o Ego de publicitário. Maiúsculo.

Então essa é a manha: a gente mostra o que faz pra todo mundo e faz uma amostragem. Pegamos os votos de quem achou muito bom, somamos com os dos que acharam genial, e ignoramos por falta de critério os que não acharam bom, afinal, pra não achar bom uma coisa que a gente fez o sujeito deve ser muito burro, e a gente não quer esse tipo de gente dando pitaco nos nossos trabalhos.

E assim vamos vivendo e sobrevivendo em meio a essa savana que é o mundo da propaganda.

Por Leo Luz, redator carioca
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